segunda-feira, 3 de junho de 2019

O laranjal dos “ex” brotou no gabinete de Carlos Bolsonaro também

POR FERNANDO BRITO · 03/06/2019



Ontem, o Globo mostrou como vivem – e como calam –  quatro dos nove parentes de Ana Cristina Siqueira Valle,  ex-mulher de Jair Bolsonaro,  mantidos no gabinete de Flávio Bolsonaro (alguns no dele, também) durante os anos em que foi deputado estadual.

Hoje é a vez do Estadão revelar que este amor que se vive com a família dos “ex” é semelhante em Fabrício Queiroz, o parceiro do Filho 01, que empregou  com Flávio, mulher Márcia e as filhas, uma delas com passagem também no gabinete do “Mito”, e que se estendeu ao gabinete do outro filho, o pitbull Carlos, na Câmara Municipal do Rio.

Márcio da Silva Gerbatim e Claudionor Gerbatim de Lima, ex-marido de Márcia e seu sobrinho, respectivamente, faziam, segundo diz o jornal, “uma espécie de rodízio entre os gabinetes dos dois irmãos”. Pelo de Flávio, esteve empregada tambem Evelyn Mayara de Aguiar Gerbatim, outra filha de Márcio Gerbatim.

Empregado como motorista pelo vereador entre abril de 2008 e abril de 2010, Márcio foi nomeado logo depois como assessor-adjunto no gabinete de Flávio na Alerj, onde ficou até maio de 2011. No mesmo dia, Claudionor ganhou a vaga no gabinete de Carlos na Câmara Municipal.

Não é preciso dizer que nenhum deles dava as caras por lá e nem crachá do serviço tinha, não é?

O amor familiar abastecido com cargos públicos é uma maravilha, não é?

Fonte: TIJOLAÇO

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Maia, o general do Centrão, empurra Bolsonaro

POR FERNANDO BRITO · 10/05/2019



Jair Bolsonaro reuniu a “tropa parlamentar”, ontem.

O que se deixou vazar é que pediu para que “engolissem o sapo” das derrotas sofridas ontem, nas realocações do Coaf e da Funai, retiradas, respectivamente das mãos de Sérgio Moro, da Agricultura e da ministra Damares Alves.

Pior, para se livrar da ameaça de que Rodrigo Maia, em razão da tentativa do que há de base governista (PSL, Novo e Podemos) de recuperar o texto original da MP que reorganizou a Esplanada, “melar o jogo” e fazer a reforma dos ministérios caducar.

Maia se tornou “dono” do Congresso, uma espécie de Eduardo Cunha sofisticado, que gradua de maneira mais refinada as bombas que planta  no caminho do Governo.

Seu maior alvo, neste momento, é Sérgio Moro, que vem sendo forçado aos limites da exasperação.

O que todos apontaram como um “acerto” e um gesto de humildade – o fato de o Ministro da Justiça ir negociar, pessoalmente, no Congresso, a manutenção do Coaf em sua pasta – foi um erro grosseiro, típico de quem não tem experiência política: não era tema a negociar no varejo, mas com os chefes políticos do parlamento.

Maia o esmagou e não é outra a razão de Carlos e Eduardo Bolsonaro terem elevado a temperatura dos ataques ao presidente da Câmara, escudando-se, claro, no que seria a defesa de Sérgio Moro.

Há um evidente jogo duplo.

Da parte de Bolsonaro, promessas de concessões a Maia e ao Centrão. De outro, para a platéia, a “live” dizendo que “espera que o plenário da Câmara e do Senado mantenham o Coaf lá com o Ministério da Justiça, nas mãos do ministro Sergio Moro”.

Do lado de Maia, que tem a tropa parlamentar, é esticar a corda até obter concessões e, por elas, ir cedendo um palmo de cada vez.

Mas não se pense que iso é tarefa de pouco risco: Bolsonaro, como mostrou no episódio “Olavo vs. Militares“, não vai cnter suas feras.

Fonte: TIJOLAÇO

quinta-feira, 28 de março de 2019

Não tem parte boa em um governo tão ruim

Por Fernando Brito



Leio comentaristas da imprensa dizendo que Paulo Guedes, Sérgio Moro e a “ala militar” estão preocupados com a insanidade que toma conta de Jair Bolsonaro.

Seriam a “parte boa” de um governo (?) ruim, diferente das Damares, dos Ernestos, dos Vélez e do próprio chefe.

Que me perdoem, não há parte boa em um governo tão ruim.

Não foi à toa que Dante Alighieri escreveu às portas do inferno que deixassem de lado a esperança todos os que ali entrassem.

Jair Bolsonaro não era uma incógnita, não era um marciano recém descido à Terra, alguém que não se soubesse de onde vinha, o que dizia, o que urrava.

Era, senhores generais, o “capitão-bombinha”, e os senhores não ouviram o conselho de Ernesto Geisel: “Bolsonaro é um caso completamente fora do normal, inclusive um mau militar”.

Era, senhor Guedes, o homem que dizia “sonegar tudo o que desse para sonegar”.

Era, senhor Moro, o homem que dizia que o erro do regime que agora anda comemorar, “foi ter matado pouco”.

Os senhores não são crianças e não eram crianças no ano de 2018, quando aderiram a ele, achando que era a gazua para chegarem ao governo pelo caminho fácil do oportunismo e que o poriam na coleira, achando que o pitbull seria um totó dócil e servil às ambições que vocês nutriam.

Três meses foram tempo suficiente para que se visse que o país foi entregue a um aventureiro sem escrúpulos e sem juízo, sem equilíbrio e sem responsabilidade, sem capacidade nem caráter.

A situação destes senhores é pior do que a dos “isentões” que ficaram no “nem isso, nem aquilo” no segundo turno das eleições, cobrando autocríticas que não são capazes de fazer, ou estariam, num ato de contrição, lamentando a própria omissão.

Ninguém que tenha conseguido conjugar um pingo de caráter e um cargo no governo pode deixar de ver que ele está levando o Brasil a desastres impensáveis. Não lhes resta, se ainda pretendem apenas o purgatório e não a maldição eterna do povo brasileiro, senão sair e ajudar a parar a marcha da insensatez à qual se juntaram achando que lograriam o “capitãozinho maluco”.

Fonte: TIJOLAÇO

sexta-feira, 15 de março de 2019

STF proclama sua independência da República de Curitiba

Por Fernando Brito



Os seis votos a cinco foram uma vergonha, porque juridicamente a decisão deveria ser unânime, de tão clara e tantas vezes adotada pelo Supremo, mas a derrota da pretensão do Ministério Público de manter na República de Curitiba e em suas “franqueadas” da Lava Jato do Rio e de São Paulo todos os julgamentos onde houvesse denúncia de “caixa 2” eleitoral começa a devolver o Brasil à esteira do Estado de Direito, cujo pressuposto é o do juiz natural.

Explico, embora seja fácil entender, o que visa o princípio do juiz natural: a que ninguém seja mandado a uma determinada vara judicial porque o “juiz de lá” é um ferrabrás ou tem tal ideologia e, tendo ou não culpa, a condenação é garantida.

Exatamente como aconteceu com Lula, no caso do triplex, que era atribuição da Justiça Estadual de SP mas que, pela ânsia punitiva de Curitiba e pelo acovardamento das cortes superiores, tomou a rodovia Régis Bittencourt em direção às araucárias, onde lhe arranjaram uma ligação vaga com a Petrobras, para que fosse condenado.

Todos os demais réus, cujos processos ficaram em São Paulo, foram absolvidos em duas instâncias, e por unanimidade.

Tecnicamente, como disse, a única surpresa foi o placar apertado, sendo algo em que a legislação e a jurisprudência eram tão claros.

Politicamente, porém, houve grandes momentos no STF, com duas situações em que o silêncio com que se portaram os alvos das críticas foi mais que eloquente.

O primeiro, quando Gilmar Mendes disse que os promotores de Curitiba estavam montando “um fundo eleitoral” com os R$ 2,5 bilhões que conseguiram da Petrobras com a “bondade” do Governo norte-americano.

O segundo, quando Celso de Mello cobrou da Procurador-Geral da República, Raquel Dodge, que “toda a sua instituição” respeitasse as decisões do Supremo, deixando claro que se cobra dela comando sobre a célula de Curitiba do MP.

Há um terceiro, não expresso na sessão do STF, mas completamente perceptível: a derrota de Sérgio Moro, que assumiu publicamente seu desejo de que tudo ficasse com seus amigos da “Força Tarefa”.

Nunca vi o MP ser tão expressamente humilhado num julgamento. Coisa de, como diziam os gaúchos, de “se enfiar no c… de um burro”.

O julgamento de hoje consolidou uma maioria – apertada, é claro – no STF.

A Lava Jato não é mais dona absoluta da Justiça brasileira, embora vá seguir sendo dona de muitas das injustiças deste país.

Fonte: TIJOLAÇO

quinta-feira, 14 de março de 2019

Já’ ou ‘só’ 149 votos para a Previdência? Compare as pesquisas

Por Fernando Brito do Tijolaço



O Valor – como quase todo o jornalismo econômico -, torcedor “de bandeirinha” da reforma previdenciária, publica hoje a primeira pesquisa sobre o número de votos que a proposta apresentada por Jair Bolsonaro teria hoje na Câmara.

Diz que “já” tem 149 votos favoráveis, parcial ou totalmente.

Melhor seria dizer que “só” tem 149 votos, porque o número é inferior ao que tinha antes que ela fosse detalhada e que o governo entrasse na sua sucessão de trapalhadas.

Em fins de outubro, o Estadão fez pesquisa semelhante. E 277 deputados se disseram a favor de endurecer as regras previdenciárias.

Quando a pesquisa se voltava especidicamente a dois dos pilares da proposta em exame na Câmara, este número caía sigificativamente: 179, frente à idade mínima e 159, quanto a igualar o funcionalismo às regras do Regime Geral da Previdência.

Você pode ver os números do Estadão na ilustração ao fim do post.

O que muda – e muito – é o número de parlamentares contrários: a oposição dobra de tamanho com a nova pesquisa.

Passam a 144, ante números que iam de 59 a 79, conforme as questões colocadas.

Isso quer dizer que a proposta de reforma tem de conquistar 159 dos 220 “indecisos”.

E que o “não” precisa de apenas 61 deputados para não permitir que o “sim” triunfe com os 308 votos exigidos para reformar a Constituição.

Está evidente que, para ter chances, o governo precisa ceder na proposta e conceder nos favores.

Só com apelos de Twitter, Bolsonaro não leva, como se afirmou ontem aqui.

Com tuitadas e trapalhadas, até agora, só perdeu apoio parlamentar.

Aliás, você pode conferir aqui o posicionamento de cada deputado.

E a pesquisa do Estadão, em outubro de 2018:



Fonte: TIJOLAÇO